Normatividade da Lógica (Bruno Jacinto e Francisca Silva)

Compêndio em Linha de Problemas de Filosofia Analítica (2022)
Ricardo Santos e Pedro Galvão (eds.)
Lisboa: Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa
Vários autores têm questionado qual a relação entre o objecto de estudo da lógica
– que formas argumentativas são válidas – e a forma como devemos raciocinar –
como devemos atualizar e rever as nossas crenças. Entre estes, alguns consideram
que a lógica está intimamente ligada à forma como devemos raciocinar, ao passo
que outros rejeitam esta associação – ou, pelo menos, que a lógica é normativa
em qualquer sentido que a diferencia de outras ciências descritivas. Nesta entrada,
consideramos algumas das principais questões, debates e opiniões sobre a
normatividade da lógica. Em particular, analisamos caracterizações da noção de
validade em termos do seu suposto papel normativo; questionamos a relação das
leis lógicas com o raciocínio; consideramos a influente objecção do colapso contra
o pluralismo lógico baseada na normatividade da lógica; discutimos quais os
constrangimentos lógicos subjacentes à racionalidade mínima; investigamos
desafios à tese de que a lógica é uma fonte de normatividade para as nossas
crenças; distinguimos diferentes princípios ponte entre a lógica e as normas sobre
como raciocinar correctamente; investigamos se estes princípios ponte se
fundamentam em normas epistémicas mais gerais e discutimos se a lógica, a ser
normativa, o é num sentido autónomo, e se a sua normatividade é excecional
relativamente à normatividade de outras ciências descritivas.

Palavras-chave: normatividade da lógica, pluralismo lógico, princípios ponte, racionalidade mínima, anti-excecionalismo.
Several authors have questioned what is the relationship between logic’s object of study – what are the valid argument forms – and the way in which we ought to reason – how should our beliefs be updated and revised. Some of these authors think that logic is intimately connected to how we ought to think, whereas others reject this view – or at least that logic is normative in any way that distinguishes it from other descriptive sciences. In this paper we consider some of the main questions, debates and views on the normativity of logic. In particular, we analyse characterisations of validity in terms of its supposed normative role; we inquire into the relationship between logical laws and reasoning; we consider the influential collapse objection to logical pluralism, based on the normativity of logic; we discuss what are the logical constraints underlying minimal rationality; we investigate challenges to the view that logic is a source of normativity for our beliefs; we distinguish several bridge principles between logical principles and norms on how to reason correctly; we inquire as to whether these bridge principles are founded on more general epistemic norms; and we discuss whether, if logic is normative at all, it is autonomously normative or exceptionally normative in comparison to the descriptive sciences.

Keywords: normativity of logic, logical pluralism, bridge principles, minimal rationality, anti-exceptionalism.

Conteúdo

1. Caracterizações normativas de validade
2. Lógica: descritiva ou normativa?
3. O argumento do colapso contra o Pluralismo Lógico
4. Racionalidade mínima
5. Normatividade: distintivamente lógica ou epistémica?
6. Princípios ponte
7. Das normas epistémicas aos princípios ponte
8. Normatividade autónoma e excecionalismo normativo
9. Conclusão

DOI: https://doi.org/10.51427/cfi.2022.0004

How to cite this article:
Bruno Jacinto e Francisca Silva. Normatividade da Lógica. In Compêndio em Linha de Problemas de Filosofia Analítica (2022), Ricardo Santos e Pedro Galvão (eds.), Lisboa: Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa.