A diversidade de domínios científicos e de procedimentos metodológicos torna difícil formular um critério de demarcação entre ciência e pseudociência, pelo que alguns autores (como Laudan) propõem a rejeição do assim chamado problema da demarcação. Todavia, o problema tem interesse teórico (permite clarificar o conceito de ciência) e relevância prática (é socialmente útil classificar um domínio de investigações como sendo fiável na produção de conhecimento). O artigo analisa os critérios de demarcação de Popper, Kuhn, Lakatos, Thagard e Ruse/Overton, explorando igualmente a possibilidade de enfrentar o problema através da identificação de traços típicos da pseudociência.
Palavras-chave: ciência, pseudociência, falsificabilidade, leis da natureza, tese de Duhem-Quine.
The diversity of scientific domains and methodological procedures makes it difficult to formulate a demarcation criterion between science and pseudoscience, and for this reason some authors (like Laudan) propose the rejection of the so-called demarcation problem. However, the problem has theoretical interest (it allows us to clarify the concept of science) and practical relevance (it is socially useful to classify a research domain as reliable in the production of knowledge). The paper analyses the demarcation criteria of Popper, Kuhn, Lakatos, Thagard and Ruse/Overton, while also exploring the possibility of addressing the problem through the identification of typical traits of pseudoscience.
Keywords: science, pseudoscience, falsifiability, laws of nature, Duhem-Quine thesis.
1. Introdução
2. Popper e a falsificabilidade como critério de demarcação entre ciência e pseudociência
3. Kuhn e a resolução de enigmas no âmbito de um paradigma
4. Lakatos, Thagard e o carácter progressivo da ciência
5. A perspetiva multicriterial de Ruse/Overton
6. Laudan e a rejeição do problema da demarcação
7. Perspetivas não-essencialistas e a identificação de traços típicos da pseudociência